No momento de aflição, José Sócrates recorre àquilo que sempre desprezou: o PS. O partido devia dizer uma coisa ao líder: a legitimidade eleitoral está no parlamento, e não no primeiro-ministro.
I. O país atingiu o limite da decência democrática. Sem condições para governar, o primeiro-ministro está em plena campanha interna dentro do próprio partido que o apoia. Isto revela uma fragilidade insustentável. Nós, como comunidade política, não podemos ter um líder tão fragilizado.
II. Já sabíamos que Sócrates despreza, por completo, as regras institucionais de uma democracia. Agora ficámos a saber que Sócrates nem sequer respeita as regras internas do PS. Em declarações ao "Público", Pedro Baptista (PS Porto, ex-deputado) diz que Sócrates tem desrespeitado os estatutos do partido. Mais: diz que o partido "tem vivido numa ditadura de silêncio e agora, porque o líder tem um problema, carrega-se no botão e acciona-se o rebanho".
III. Sócrates perdeu qualquer credibilidade para governar o país, mas o PS mantém a legitimidade para governar. Sócrates, como qualquer primeiro-ministro, não tem um mandado unipessoal para governar. A legitimidade está no PS, e não no círculo fechado do "socratismo". Os barões do PS devem avançar. Devem avançar para salvar um pouco do regime, e, acima de tudo, para salvar o PS. Sócrates está fora da realidade. Não quer ver a realidade, e essa sua cegueira está a afundar económica e eticamente o país. O PS ainda pode salvar a situação.
Diz o PINHAS:
Sr. Eng., acabei de ouvir o seu comunicado ao País. Pareceu-me já ter visto e ouvido as suas declarações. Seria uma repetição e ninguém avisou os jornalistas. Por falar em jornalistas, a comunicação afinal era só para eles, para os eleitores e comuns mortais, foi só a parte final. Fartou-se dizer, "quero dizer aos Srs. Jornalistas...".
No meio desta trapalhada toda, ninguém é culpado. Só não percebo, porque é que perdem tempo com investigações e fizeram escutas. Depois existem providências cautelares, porque ninguém quer que se saiba a verdade. O Sr. Eng. diz que «condena e repudia a violação do segredo de justiça», mas deixe-me lembrar que a Justiça tem um ministro que é do seu governo. Porque não fez nada, para combater essa violação.
No final, já todos sabemos como vai acabar, ninguém foi, ninguém viu, ninguém ouviu e ninguém será condenado.
Nada que não seja hábito.
Quanto à sua popularidade no PS, nem vou comentar. Como alguém já disse hoje, cada um faz a cama onde se vai deitar.
É o País que temos e que merecemos...
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