Começo por dizer que gosto de história e de estórias e
de tudo o que esteja relacionado com o nosso passado.
Neste caso limitei-me a pesquisar, perguntar e reunir
toda a informação.
Miliário: Os miliários (do latim: miliarium, a
partir de milia passuum, "mil passos") eram os marcos colocados ao
longo das estradas do Império Romano, em intervalos de cerca de 1480 metros. https://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_romana
Tudo começa com a partilha de uma fotografia que tem a
Alminha, depois de mais uma caminhada pela freguesia de Santa Comba.
O Ricardo Ferrão, amigo de escola, ao ver a fotografia
perguntou se o marco que estava atrás da Alminha, não seria um miliário.
Foi o suficiente para, eu, começar a investigar.
(sempre achei estranho aquele marco com aquela forma e dimensões estar ali a
demarcar o limite da propriedade)
Acabei por encontrar este texto, no site abaixo
referido:
"2020 Fevereiro
Miliário de Santa Comba (Seia): a publicação de um miliário inédito
identificado por Vasco Mantas perto do cemitério de Santa Comba, Seia (Mantas,
2019). Pertenceria certamente à via entre Celorico da Beira e Bobadela. Este
achado veio finalmente esclarecer o verdadeiro traçado da via dado que o outro
miliário conhecido desta via, apesar de indicar a respectiva milha (21)
apareceu deslocado numa casa em Paços da Serra. Ao fazer passar o trajecto da
via por Santa Comba é possível delinear um percurso menos acidentado que segue
por Lagarinhos, Pinhanços e Santa Comba rumo à travessia do rio Seia na velha
Ponte de Folgosa; daqui seguia a sul de Carragozela rumo a Bobadela. O traçado
agora proposto coloca Santa Comba a 25 milhas de Celorico (e da travessia do
rio Mondego) pelo que o miliário de Paços estaria originalmente 2 milhas antes,
o que coloca este marco junto da travessia da ribeira das Aldeias na chamada
«Ponte Pedrinha» em Lagarinhos. O acerto da marcação miliária vem assim
reforçar este traçado como o mais provável. Esta via integrava um grande
itinerário com origem na travessia do rio Douro no Vesúvio (proveniente de
Chaves) que seguia por Mêda e a poente de Marialva até Celorico da Beira,
continuando depois por Bobadela rumo a Conímbriga (vide Chaves - Celorico da
Beira, Celorico da Beira - Bobadela e Bobadela - Conímbriga).
Nó viário de Santa Comba: a existência de um miliário neste local indicia um
possível cruzamento com uma via NO-SE proveniente talvez de Mangualde que
seguia por Seia rumo ao Castro de São Romão."
Entretanto e com esta informação, lembrei-me de uma
coluna que existe num pátio de uma casa na Vila Chã, idêntica a um miliário.
(coluna que, nos dias de hoje, suporta uma varanda. Relativamente a esta
coluna, também achava estranha a sua localização, forma e uso. Sendo única,
estava desenquadrada para o local e casa onde está enquadrada)
Fotografei, segunda fotografia (coluna mais alta)
e enviei para o email do site referido no final deste post. Pediram mais
algumas informações, entre elas as suas medidas e confirmam que tudo indica ser
mais um miliário na Freguesia de Santa Comba.
Confirma-se, assim, que, afinal, o caminho romano
passaria em Santa Comba e na Vila Chã. Não era essa a ideia inicial de quem
estuda os caminhos Romanos. Uma das situações que valida o miliário de Santa
Comba, é a Alminha que está junto ao mesmo. Muitas dessas Alminhas eram
colocadas junto aos Miliários, para manutenção da marcação do caminho. O
miliário da Vila Chã, com toda a certeza que está deslocado, do seu local
original. Ao longo dos tempos têm tido as mais variadas funções. Pilares,
cruzeiros, etc.. Como já referido a distância habitual entre miliários era de
1480 metros (+-), a distância entre estes dois é de 1700 metros (+-).
Hoje no mesmo site, está, também, este texto:
"Miliários: publicação de um possível miliário
inédito reutilizado como suporte de uma varanda de uma casa de Vila Chã (Seia)
identificado por Nuno Pinheiro (foto). Tem as seguintes dimensões visíveis (parte está
enterrado): 190 cm de altura, 110 cm de diâmetro na base e 104 cm no topo. A
proximidade com o marco do cemitério de Santa Comba, recentemente publicado por
Vasco Mantas (vide entrada em Fevereiro de
2020), indiciam que pertenceriam à mesma via, ou seja, entre Celorico da Beira e Bobadela; eventualmente este marco estaria
também junto do cemitério de Santa Comba, local a 26 milhas de Celorico e a 13
de Bobadela. Com mais este exemplar contam-se agora três marcos pertencentes a
esta via."
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Primeiro Miliário de Santa Comba, sem a Alminha. |
Entre as minhas pesquisas cheguei a ler a tese da Rita
Saraiva. Sei que ela também se interessa por estas "coisas".
Não sei se é uma grande descoberta, para mim
é.
São vestígios dos nossos antepassados com mais de
2.000 anos (mais 100 menos 100).
Conforme refere Vasco Gil Mantas; para que se tenha
ideia do significado do Miliário como fonte histórica primária, são conhecidos
cerca de 10.000, pertencendo ao território Português perto de 400. Muito
concentrados a norte do Douro.
Entende-se, por isso, que são raros a sul do
Douro. Digo eu.
Neste caminho, Celorico da Beira e Bobadela, neste
momento são conhecidos três Miliários.
Supostamente haveria uma via que ligava Viseu ou
Mangualde ao Castro de S. Romão, seguindo depois pela Serra.
Esta via cruzava em Santa Comba de Seia com a de
Celorico da Beira/Bobadela (já referida). Um dos elos que falta ligar é a Ponte
Romana da Folgosa com o Castro de S. Romão, não se conseguem encontrar
vestígios e/ou certezas deste troço. Não se sabe se passava em Seia ou se ia à
Catraia de S. Romão.
Por esse motivo e se souberem ou virem alguma coisa
que possa indicar que os nossos antepassados romanos, passaram por ali há 2.000
anos, enviem um email para o site indicado.
onde pesquisei e confirmei a informação que agora
partilho: